Queimadela
Recursos Naturais
A economia desta laboriosa freguesia tem ainda por base a agricultura familiar, de minifúndio, tendo sobretudo no vinho a sua maior fonte de receita. Todavia, a população activa mais nova tem demandado outros países da Europa em busca de melhores condições de vida e de salários que lhe garanta uma velhice com menos sobressaltos. Esse fenómeno está bem patente nas habitações (e suas tipologias), pois possuir uma casa condigna é um dos maiores sonhos dos que se despedem da terra temporariamente, regressando no Verão para descansar e visitar os familiares, e também pelo Natal em que se juntam ao calor da família e da lareira da consoada.
As artes tradicionais (como em toda a parte) desapareceram, restando a tanoaria que constitui uma referência ao trabalho manual que outrora deu emprego a chefes de família com talento para bem trabalhar a madeira (de castanho) para os mais diversos fins.
A arte do barro, outra indústria com velhas tradições na localidade, constituiu, no século dezanove, um dos maiores expoentes da actividade artesanal de Queimadela. Terra de forneiros, de barristas e de fornos, a freguesia produzia ou "fabricava" os célebres e graciosos bonecos desta matéria-prima abundante nas redondezas, e recolhida das entranhas do vizinho Monte Raso. Os bonequeiros de Queimadela, ao que se infere, eram hábeis imaginários na arte da bonecaria, muito apreciada pela criançada, e vendida nas feiras e romarias do concelho e da região (Senhora dos Remédios, Lamego). Não temos informação segura, mas é bem provável que os artistas de Queimadela também produzissem vasilhas de barro para líquidos.
O que se sabe, isso sim, é que no declínio da arte propriamente dita do barro, os barristas voltaram-se para a produção de telha de canudo, satisfazendo a procura num tempo em que as modestas coberturas de colmo das casas iam sendo substituídas pela telha. Os fornos de Queimadela forneciam telha para diversas localidades mais próximas, dentro e fora do concelho. Mais, os forneiros deslocavam-se temporariamente para fora de Queimadela, e aí construíam os fornos em que laboravam para diversos clientes de mais longe, uma vez que o transporte da telha, em carros de bois e por maus acessos, não garantia a integridade da mercadoria até o seu destino.
Nos inícios do século vinte ainda existiam em Queimadela meia dúzia de fornos a laborar, estruturas rudimentares e primitivas, que se abriam nos declives de terrenos para evitar estruturas em altura e desamparadas, melhores condições de armazenamento do calor e melhor facilidade de acesso à boca dos fornos. Os fornos eram aquecidos (esbraseados) a lenha, carqueja (que servia ao mesmo tempo de acendalha e de combustível) e tojo bravo.
Atualmente, a agricultura é a atividade predominante e intensiva, caracteriza-se por uma predominância grande do cultivo da maçã, vinho e azeite. Antigamente, os declives acentuados para o rio Varosa eram também muito aproveitados para as culturas da batata e hortícola.
